A Eficácia da Terapia Manual no Tratamento da Dor Lombar: Revisão da Literatura





Olá, eu sou a Dani Souto. No texto de hoje, falaremos sobre: A Eficácia da Terapia Manual no Tratamento da Dor Lombar: Revisão da Literatura


Introdução
A coluna vertebral é fundamental para a estabilidade do corpo humano, e é dependente da harmonia das partes moles que trabalham em conjunto ativa ou passivamente para que esta estabilidade ocorra. A desarmonia das dessas estruturas podem alterar a mobilidade, a arquitetura e alinhamento da coluna, o que causa instabilidades e dores, sendo elas mais frequentes na região inferior da coluna.1,2
A Dor Lombar (DL), ou, em inglês, Low Back Pain (LBP) atinge 70% da população em países industrializados e representa 26-37% das faltas ao trabalho, sendo a causa prevalente entre as patologias musculoesqueléticas que são motivos de ausência laboral. No Brasil, 10 milhões de pessoas apresentam certo grau de incapacidade devido a dor, a DL foi a principal causa de aposentadoria por invalidez, tendo 50% de prevalência em 1 ano2,3,4.
A idade do indivíduo, sua escolaridade, elitismo, tabagismo, obesidade, problemas psicológicos, atividades laborais, infecções, traumas, são alguns dos fatores que aumentam o risco de desenvolvimento de DL, a maioria desses fatores podem ser revertidos ou evitados, o que pode ser uma importante estratégia preventiva. Dentro desta perspectiva, a gama de possibilidades terapêuticas para a DL e deve ser feita de maneira multidisciplinar para que os efeitos sejam otimizados e os resultados mais consistentes. Os principais tratamentos são: Medicamentosos (Anti-inflamatórios Não Esteroides Analgésicos, Relaxantes Musculares, Opioides, Antidepressivos e Anticonvulsivantes) e Não Medicamentosos, que englobam o uso das técnicas fisioterápicas (das quais destacamos as técnicas de terapia manual), repouso, exercícios físicos e as abordagens biopsicossociais.5,6
A necessidade de aprofundamento e atualização constante em relação aos estudos sobre como melhor tratar a DL utilizando-se de ferramentas fisioterapêuticas, em especial as terapias manuais, justificam este estudo. O objetivo deste estudo foi identificar através de uma revisão da literatura, a eficácia das principais técnicas de terapia manual utilizadas no tratamento conservador da dor lombar.
Materiais e Métodos
Para a construção deste artigo foram utilizados estudos encontrados nos meses de junho e julho de 2018, nas bases de dados PubMed (National Library of Medicine and National Intiuttes of Health), PEDro (Physiotherapy Evidence Data­base) e SCIELO (Scientific Eletronic Library OnLine), e LILAC's (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) numa janela de tempo entre os anos 2000 e 2018, buscando na literatura através da utilização das respectivas palavras-chave na língua portuguesa e inglesa: Dor Lombar, Low Back Pain, Terapia Manual, Manual Therapy e Lombalgia.
Resultados e Discussão
A terapia manual na lombalgia tem sido amplamente utilizada como tratamento principal e/ou acessório às outras modalidades terapêuticas já conhecidas e de eficácia comprovada dentro da fisioterapia. Esta modalidade visa o alívio da do quadro álgico do paciente promovendo a reorganização dos tecidos moles, prevenção fibroses ou a "quebra" das mesmas, além de melhorar a circulação nos tecidos. Tudo isso favorece a melhora da mobilidade, flexibilidade, funcionalidade e qualidade de vida do paciente. Alguns estudos têm mostrado resultados favoráveis na utilização da terapia manual no tratamento e no alívio da dor, que consequentemente gera um efeito cascata de melhora na mobilidade, na função, assim obtendo uma melhor qualidade de vida e saúde.7,8
Dentre diversos estudos, destacamos alguns autores que utilizaram metodologias semelhantes para analisar os efeitos da terapia manual obtendo respostas positivas quanto à utilização da mesma. Briganó e Macedo9, observaram em seu estudo sobre a análise da mobilidade lombar e influência da terapia manual e cinesioterapia na lombalgia, 25 indivíduos com idade entre 18 e 65 anos diagnosticados com lombalgia crônica.
Já João et al10, analisaram 18 indivíduos de ambos os sexos entre 15 e 17 anos buscando elucidar os efeitos da terapia manual na dor e na mobilidade de atletas com lombalgia. Em ambos os estudos os indivíduos foram avaliados da mesma maneira, quanto a intensidade da dor através da EVA (Escala Visual Analógica) e quanto a mobilidade pelo teste de Schöber.
O grupo de Briganó e Macedo9 foi submetido à 30 sessões de terapia manual que constavam manobras miofasciais como, pompage global, torácica, lombar e sacral, traços diafragmáticos e lombares; alongamentos analíticos dos músculos psoas, isquiotibiais, paravertebrais, e alongamento por posturas globais das cadeias anterior e posterior, além da cinesioterapia que englobava exercícios
de mobilidade lombo-pélvica com o uso de bolas suíças, exercício de auto crescimento pelo método Isostretching e fortalecimento dos músculos abdominais e extensores de tronco, enquanto o grupo selecionado por João et al10 foi submetido à um protocolo de terapia manual apenas uma vez. Ambos os autores reavaliaram seus respectivos grupos ao final dos atendimentos, e concluíram que a terapia manual tem influência significativa na melhora da dor e da mobilidade, mesmo quando aplicada uma só vez.
A devolução da função aos pacientes com DL é de extrema importância, sendo sua incapacidade funcional uma queixa constante desses pacientes. Tavares et al11 selecionaram 60 indivíduos de ambos os sexos e idade entre 18 e 55 anos, que apresentassem dor lombar crônica não específica há pelo menos três meses. Os indivíduos que foram selecionados para o estudo foram distribuídos aleatoriamente em três grupos de 20 indivíduos: grupo mobilização articular, grupo mobilização sham e grupo controle. Todos os grupos foram avaliados por um mesmo pesquisador e responderam as escalas: Escala numérica de dor para avaliação da intensidade da dor, Oswestry Disability Index para avaliação da incapacidade relacionada à dor lombar e Escala de Pensamentos Catastróficos para avaliação da catastrofização relacionada à dor. Sendo isso, pré intervenção e imediatamente após as 10 sessões de intervenção. Observaram-se diferenças significativas pré e pós-tratamento para a variável de intensidade de dor, e, com isso concluíram que a terapia manual (mobilização articular) foi eficaz na melhora da incapacidade (melhora da função), da intensidade da dor e da catastrofização, pré e pós intervenção.
Em concordância com este estudo, Santos et al12, compararam a eficácia da terapia manual com o tratamento convencional da fisioterapia no tratamento da dor lombar aguda no que diz respeito a dor e funcionalidade. Participaram do estudo 69 indivíduos com idades entre 18 e 65 anos divididos em dois grupos: Terapia Manual (n=28) e Fisioterapia Convencional (n=31) que foram submetidos às duas modalidades de tratamento, com um protocolo de tratamento específico para cada grupo, durante o período de 12 semanas (24 sessões, 2x por semana/ 50 min cada). Os resultados mostraram que ambos os grupos obtiveram melhora, porém a terapia manual apresentou evidências mais consistentes comparadas às da fisioterapia convencional quanto à melhora na funcionalidade e na dor no tratamento de pacientes com dor lombar aguda.
Embasados nos estudos lidos, expostos, e/ou discutidos, e em que autores relataram a eficácia da terapia manual na melhora da dor, mobilidade e da funcionalidade de pacientes com dor lombar, vimos que a utilização desta ferramenta terapêutica tem sido satisfatória e está presente na maioria dos programas de tratamento fisioterapêuticos, dada sua eficácia clínica e científica1.13,14,15,16,17
Em contrapartida, alguns autores relataram em seus estudos resultados inconclusivos, ou que, na contramão da maioria dos artigos que evidenciam efeitos positivos da terapia manual, não demostraram a mesma eficácia descrita pela maioria dos autores. Os autores de estudos contrariam a maioria, defendem a necessidade de se fazer novos estudos afim de validar e revalidar as técnicas existentes.18,19,20,21,22
Conclusão
Neste estudo vimos que a terapia manual vem ganhando cada vez mais embasamento científico, sendo cada vez mais homogênea as comprovações de seus efeitos benéficos no tratamento da dor lombar e suas repercussões na mobilidade, função e qualidade de vida do paciente.
Por não necessitar de aparelhos nem de alto investimento em instrumentação, a terapia manual vem cada vez mais ganhando espaço no que diz respeito a inclusão da mesma nas propostas de tratamento de curto, médio e longo prazo. Há uma vasta modalidade de técnicas, e todas tem se mostrado eficazes. Todavia, como toda proposta terapêutica, é de fundamental importância a frequente atualização e pesquisa afim de melhorar ainda mais o conhecimento dos profissionais acerca de sua correta aplicação.
Referências
[1] Oliveira VC. Dor lombar idiopática. In: Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva; Mendonça LM, Vezzani S, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Esportiva e Traumato-Ortopédica: Ciclo 3. Porto Alegre: Artmed/Panamericana; 2014. p. 61-105. (Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância, v. 3).
[2] Karina Yuko Abe; Beatriz Mendes Tozim; Marcelo Tavella Navega; Acute effects of Maitland's centralp osteroanterior mobilization on youth with low back pain. Man. Ther., Posturology Rehabil. J., vol.13, 2015
[3] Nasrala Neto, Elias et al. Correlação entre lombalgia e capacidade funcional em idosos. Rev. bras. geriatr. gerontol. 2016, vol.19, n.6, pp.987-994.
[4] Nascimento PRC, Costa LOP. Prevalência da dor lombar no Brasil: uma revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 31(6):1141-1155, jun, 2015.
[5] Viviane Bortoluzzi Frasson. Dor lombar: como tratar? ISBN: 978-85-7967-108-1 Vol. 1, Nº 9 – 2015
[6] Silva, M. R.; Ferretti, F.; Lutinski, J. A. Dor lombar, flexibilidade muscular e relação com o nível de atividade física de trabalhadores rurais. Saúde Debate, Rio De Janeiro, V. 41, N. 112, P. 183-194, JAN-MAR 2017
[7] Araújo, R. O. De; Piran, M; Aily, S. M. Análise comparativa do tratamento da dor lombar crônica utilizando-se as técnicas de Maitland, Mulligan e Estabilização Segmentar. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires – Año 17 – Nº 170 – Julho de 2012.
[8] Tubin, H. A; et al. Influência aguda da mobilização do sistema nervoso autônomo na lombalgia. Revista Terapia Manual – Posturologia. Ter Man. 2012; 10(49), pgs. 277-283.
[9] Briganó, J; Macedo, C. Análise da mobilidade lombar e influência da terapia manual e cinesioterapia na lombalgia. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v.26, n.2, p.75-82, out/dez.2005.
[10] João, Laís, Zeferino, Tainá, Fernandes, Greicyelle, Macedo, Christiane. Efeito da terapia manual na dor e mobilidade lombar de atletas
com lombalgia. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, n. especial, p. 92, nov. 2009.
[11] Tavares FA, Chaves TC, Silva ED,
Guerreiro GD, Gonçalves JF e Albuquerque AA. Efeitos imediatos da mobilização articular em relação à intervenção sham e controle na intensidade de dor e incapacidade em pacientes com dor lombar crônica: ensaio clínico aleatorizado controlado. Rev Dor. São Paulo, 2017 jan-mar;18(1):2-7
[12] Santos PC, Joia LC, Kawano MM.
O efeito da terapia manual e da fisioterapia convencional no tratamento da dor lombar aguda: ensaio clínico randomizado. Revista das Ciências da Saúde do Oeste Baiano – Higia 2016; 1 (1): 73-84
[13] Loiola, G., Pedrosa, AV., Silva, B., Modesto, E., Vasconcelos, T., Santos, F., Bastos, V. Terapia manual em pacientes portadores de hérnia discal lombar: revisão sistemática. Ciência em Movimento Reabilitação e Saúde, n. 38, vol. 19, 2017
[14] Monteiro, R.R.; Rangel, P.M. Efeito das pompagens no tratamento de hérnia discal lombar. X Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2010
[15] Navega, M; Tambascia, R. Efeito da terapia manual de Maitland em pacientes com lombalgia crônica. Ter Man. 2011; 9(44):450-456
[16] Ferreira, M., Melo, LC., Mendonça, H., Cabral, K., Rodrigues, F., Nascimento, L., Guerino, M., Ferreira, AP., Araújo, M. Maitland in chronic lumbar pain of young adults improves pain and functionality. MTP&RehabJournal, 2017, 15: 523
[17] Ian D. Coulter, PhD, Cindy Crawford, BA, Eric L. Hurwitz, DC, PhD, Howard Vernon, DC, PhD, Raheleh Khorsan, PhD, Marika Suttorp Booth, MS, Patricia M. Herman, ND, PhD. Manipulation and mobilization for treating chronic low back pain: a systematic review and meta-analysis. Spine J. 2018 May; 18(5): 866–879. doi:10.1016/j.spinee.2018.01.013.
[18] Pourahmadi MR, Mohsenifar H, Dariush M, Aftabi A, Amiri A. Effectiveness of mobilization with movement (Mulligan concept techniques) on low back pain: a systematic review. Clin Rehabil. May, 2018
[19] Negrelli, W.F. Hérnia Discal: Procedimentos de tratamento. Acta Ortop Bras, out/dez, 2001; 9(4): 39-45
[20] Sacco, I.C.N.; Andrade, M.S.; Souza, O.S.; Nisiyama, M.; Cantuária,A.L.; Maeda, F.Y.I.; Pikel, M. Método pilates
em revista: aspectos biomecânicos de movimentos específicos para reestruturação postural – Estudos de caso. Rev. bras. Ci e Mov. 2005; 13(4): 65-78
[21] Tenorio, M.Y.L.C.; Vieira, L.C.R. Aspectos associados à lombalgia. Revista Digital, out.2012; 17(173): 349-355
[22] Oliveira, I., Pinto, L., Oliveira, M., Cêra, M. McKenzie method for low back pain. Rev Dor. São Paulo, 2016 out-dez;17(4):303-6.

Melhores preços do Magazine Luiza. Clique aqui


Nos Siga nas Redes Sociais: Twitter, Facebook, Instagram, Youtube . Adicione no grupo do Whatsapp

Deixe seu comentário e nos marque(@Sua Saúde) pra gente ver:

Nenhum comentário